01/10/2016

Malva doce


Althaea hirsuta L.


Há uns anos, chegou ao país a receita de uns cilindros doces, brancos ou cor-de-rosa, de textura macia, por vezes servidos com chocolate. Sem nome em português, adoptámos a designação estrangeira, marshmallow. E marsh-mallow é precisamente o nome comum em inglês da planta que está na origem da receita, a Althaea officinalis, uma espécie europeia comum na metade leste da Península Ibérica mas escassa em Portugal, que aprecia canaviais e solos húmidos. Em português, conhece-se como malvavisco. Das suas raízes extraía-se outrora um suco viscoso com virtudes medicinais, muito eficiente a combater problemas respiratórios, e que era a essência da guloseima, juntando avisadamente o útil ao agradável. A tradição infelizmente perdeu-se, e hoje o único ingrediente vegetal das esponjinhas melosas vem da cana-de-açúcar.

A malva-rosa que vimos junto às minas de Santo Adrião é uma planta de substratos pedregosos, secos e básicos, em locais abertos. Por isso não é surpresa que seja tão hirsuta. De menor tamanho que o malvavisco, estava, nesse dia quente de Junho, com flores solitárias muito formosas, de pétalas rosa-azulado que (soubemos depois) se tornariam violáceas ao envelhecer. Os frutos são invólucros formados pelas sépalas, com as sementes dispostas em círculo, popularmente conhecidos como queijos.

O género Althaea (do grego althaia, cura) abriga cerca de doze espécies europeias e asiáticas, quatro delas consideradas nativas de Portugal. A Althaea hirsuta, que é anual, ocorre em quase toda a Europa, noroeste de África e sul da Ásia. Fiando-nos nos registos do portal Anthos, concluimos que é frequente na Península. A Flora Ibérica indica que, quanto a Portugal continental, a sua distribuição conhecida se restringe ao Algarve, Alto e Baixo Alentejo e Minho. Para já, só temos notícia dela em Trás-os-Montes.

1 comentário :

bea disse...

Faltava-me a designação da malva que dava os queijinhos de brincar:). No mundo das crianças há plantas floridas que dão queijo.